Cópia de CENTER PIRAQUARA.png

Cristo Como a Imagem do si-mesmo na Iconografia

 

Daniel Sender 

 

RESUMO
 A arte iconográfica é a arte sagrada por excelência da tradição cristã, representando em forma e conteúdo os elementos para o entendimento de Cristo enquanto símbolo máximo do arquétipo do Si-mesmo na tradição ocidental. No presente trabalho foram abordados os aspectos artísticos, simbólicos e teológicos envolvidos iconografia, além de sua interpretação
segundo a abordagem analítica, como forma de compreender a figura do Verbo Encarnado enquanto imago Dei presente no ícone da Virgem de Vladimir.

Domesticação e Doma do Homem Natural

 

Alexandro Nobres de Moura

 

RESUMO


Este artigo trata da diferença dos conceitos de domesticação e doma do homem natural, bem como a influência destes no desenvolvimento da personalidade em seus aspectos psicológicos. O processo de conhecimento, da ciência e seus diversos campos do saber, no entanto a psique consciente em detrimento da unilateralidade tornou-se inflexível. Domesticado, contido, ou detido, o homem passa a adequar-se ao conceito moderno de civilização e sociedade, banindo os comportamentos inadequados e encarcerando o homem natural nas escuras e densas florestas do inconsciente. Pela impossibilidade de domesticação dos conteúdos de ordem arquetipica, postula-se que o homem necessita transformar-se a si mesmo, de homem natural em homem espiritual, processo esse que no oriente recebe o nome de doma, 'a busca da natureza de Buda' que já existe no próprio homem, no ocidente Carl. G. Jung apresentou o
conceito de desenvolvimento da personalidade, como caminho para o ego na busca do Si Mesmo.

A Função Intuição na Formação da Personalidade:

Padrões Arquetípicos oraculares nos sonhos e no tarô

 

Bianca Strapasson

 

RESUMO

 

 Sob o ponto de vista da psicologia analítica, o conceito de personalidade engloba um processo psíquico iniciado na formação do pensamento infantil e continuamente atuante ao longo da vida adulta, em suas fases e estados. A criança, em seu primeiro tempo de vida, vive em um mundo onde se encontra a raiz da humanidade que precedeu, a origem, da qual o inconsciente é o germe polivalente, e é esta a parte da personalidade humana que deveria desenvolver-se com a possibilidade de alcançar o que Jung chama de totalidade. Observar atentamente o desenrolar da vida humana é perceber que o destino de alguns é mais voltado para o exterior, de outros, mais subjetivo, o interior. Jung chama de atitude extrovertida e atitude introvertida, mecanismos psíquicos que tendem a predominar relativamente no sujeito, surgindo então um tipo. São estas duas grandes e primeiras divisões que Jung amplia, e posteriormente detalha as psicologias individuais segundo as funções psicológicas que são: sentimento, pensamento, sensação e intuição. Neste trabalho, a função intuição introvertida será abordada na formação da personalidade do indivíduo e sua relação com padrões arquetípicos oraculares, os quais podem também ser vistos nos sonhos proféticos, prospectivos, e nos jogos divinatórios/oráculos, como o Tarô, 1 Ching, Runas, entre outros. Este tipo psicológico, intuição introvertida, está intimamente ligado à experiência arquetípica, justamente por tal relação de perceber e gerar da intuição, a imagem numinosa.

O Conceito de Inconsciente em Jung e seus Desdobramentos

 

Aline Daniele Zanon 

 

RESUMO

 

 Carl Gustav Jung (1875-1961) trouxe a complexidade do campo da psique, argumentando que além da consciência, denominada também de psique subjetiva, cada indivíduo abriga um mundo subjacente dentro de si, denominado inconsciente. Esta instância psíquica possui ação direta na vida de um indivíduo, em sentimentos, comportamentos, emoções e atitudes, muitas vezes escapando à percepção consciente. A psique objetiva, outra denominação da camada mais profunda do inconsciente, é caracterizada, conforme concebido por Jung, por uma natureza informe, ilimitada, imensurável, inata, incognoscível, atemporal. Possui também uma linguagem simbólica que permeia e se expressa, principalmente pelas imagens, ou seja, a atividade criativa. Este artigo, além de elucidar tais atributos, correlaciona com a prima materia e o primeiro estágio da alquimia, a nigredo, bem como ressalta a importância de compreender o inconsciente como um dinamus que molda e exerce influência na experiência humana em níveis profundos. A interconexão entre a alquimia e a psicologia analítica aponta para a natureza simbólica e arquetípica do inconsciente. A analogia com a alquimia, especificamente o estágio da nigredo, é o início da jornada para integração o qual se inicia por uma descida ao mundo inferior, uma fase de escuridão e caos. A ideia de que por trás de toda emoção há uma imagem oculta a ser desvelada e que atrás de toda imagem há uma emoção a ser revelada, torna-se, com efeito, o fio condutor para atravessar e transmutar a pedra morta, ou seja, os labirintos velados da negra inconsciência, em pedra vida, o clareamento da grande luz da liberação. Nesse sentido, será apresentado um relato decorrente da aplicação da técnica da imaginação ativa, permitindo que se visualize a experiência do inconsciente através de um encontro da psique objetiva com a psique subjetiva como um processo alquímico. Pela Imaginação Ativa, o indivíduo tem a condição da possibilidade de mergulhar profundamente no inconsciente, estabelecendo um diálogo ativo com seus conteúdos, pelas imagens correlatas.

Anima mundi e arquétipo da criança na poética de Manoel de Barros

 

Luciana Villanova 

 

RESUMO

 

  O presente trabalho visa realizar uma análise da poética de Manoel de Barros por meio dos livros Poesia completa e Memórias Inventadas, procurando identificar como a criação artística em seu trabalho se associa à ideia de anima mundi e ao arquétipo da criança, o que revela, ao longo de sua obra, uma ética de vida. O trabalho também discorre sobre a origem do conceito anima mundi e sua atualização no pensamento contemporâneo. Salienta como o conceito é compreendido na psicologia profunda de Jung e como é trabalhado na psicologia arquetípica de Hillman, fazendo uma aproximação dos versos de Barros com a ideia de anima mundi. Apresenta o conceito de arquétipo da criança trabalhado por Jung e procura apontar a temática da criança presente na poética de Barros. Por meio da apresentação de alguns poemas publicados nos referidos livros, o trabalho mostra a relação da poética de Barros com o mundo contemporâneo, revelando uma reflexão política, ética e uma cosmovisão. Por último é apresentada uma biografia sintética sobre a vida de Barros, apontando os aspectos mais relevantes de sua vida para demonstrar como a vida e a obra do poeta estão interligadas.

A Identificação do juiz com sua Persona

 

Stela Maris Perez Rodrigue

 

RESUMO

 

  O juiz como protagonista essencial na missão de entregar a justiça, e como figura empoderada de poder pelo coletivo, antes de direcionar e adaptar sua decisão à legislação patra, no processo racional, pode estar sob a influência do que Carl Gustav Jung denomina como sombra. Sendo um aspecto do inconsciente, tanto pessoal quanto coletivo, poderá estar projetada sobre quaisquer figuras do palco judicial, ou seja, sobre a vitima, o infrator e também sobre o proprio juiz. Se isso ocorrer, é como se a lente da justiça, representada pelo juiz. estivesse embaçada e miope, podendo ocorrer gravíssimos erros, quer sob o ponto de vista humano, quer juridico. Em vista disso, propõe-se neste artigo analisar a identificação do ego com a persona de juiz e a contribuição da psicologia analítica a essa questão e como ela pode conceder ao juiz instrumentos para uma auto-observação e maior integridade psíquica em seu oficio, de forma a alcançar verdadeiramente o outro que se lhe apresenta. Não será objeto de estudo o erro judiciário, mas tão-somente a interferência e influência dos conteúdos psiquicos no julgamento como possivel projeção inconsciente, aspectos estes diretamente ligados, sob a perspectiva psicológica, no trato das demandas que surgem diariamente. Para tanto, serão analisadas as nuances do raciocinio lógico no Direito e os conceitos de Jung de inconsciente e persona, com base nas normas existentes relativas ao juiz, e nas noções de sombra, incividual e coletiva, projeção e sua relação com os mitos, demonstrando-se, como resultado, que a sentença/decisão exibe a inferência primeira da emoção do seu autor e de seus conteúdos psíquicos pessoais e coletivos.

Hildegarda de Bingen e a experiência com o numinoso a partir de Rudolf Otto e Carl Gustav Jung

 

Mary Filgueiras Huren

 

RESUMO

 

   Os caminhos dos peregrinos não se fazem sem sacrifício (do latim: sacrum - sagrado•⁠  ⁠e ficium - ofício, "fazer o que é sagrado"). Nem sempre agradáveis são suas estradas, mas certamente são constituídas de experiências magníficas indescritiveis que contribuem para dar sentido e significado à existência humana. A proposta aqui apresentada é uma viagem pela história de vida de Santa Hildegarda de Bingen (1098-1165), abadessa beneditina que viveu no século XII e sua experiência com o numinoso. Pregadora, escritora, poetisa e compositora, cientista natural, conselheira do Papa, bispos e abades, médica do corpo e da alma, mística e doutora da igreja, agraciada desde tenra idade com majestosas visões, compartilha suas experiências com o que ela chamou de "Luz Viva", no propósito de uma missão. A exemplo de Hildegarda, que desde os cinco anos já havia conhecido e sentido a força dos mistérios, segredos e visões em seu interior, esta experiência continua presente em todos os tempos, provocando sofrimento e êxtase naqueles que vivenciam um encontro com o numinoso. Esta fenomenologia, no caso de Hildegarda de Bingen proveniente da fé, pode ser mais bem compreendida ao se buscar na Psicologia Analítica e nas obras de C. G. Jung, Rudolf Otto e de outros autores os processos da psique humana e seus mistérios. Relatos de experiências numinosas e indescritíveis de fenômenos provenientes da fé podem ser encontrados em algumas das obras de Hildegarda de Bingen e na contemporaneidade.

A Noite Escura e o Processo de Individuação

 

Mônica Torres Nelo de Oliveira 
 

RESUMO

 

   A presente monografia aborda a temática da noite escura, a partir do poema de mesmo nome do místico cristão do século XVI, São João da Cruz, bem como a partir de sua obra que comenta o poema- Subida ao Monte Carmelo e Noite Escura - e do processo de individuação, conceituado por Carl Gustav Jung (1875-1961). O objetivo é propor reflexões relacionando a compreensão da noite escura da alma e do processo de individuação, observando seus diálogos e ressonâncias, bem como colocar luz ao poema como substrato metafórico para pensar sobre os estados noturnos da alma e a busca de conexão com o divino. A monografia traz como possibilidade de refletir sobre essa relação, aspectos da alquimia, a qual aborda o mesmo tema, utilizando-se da operação alquímica da mortificatio e da putrefactio, ambas aludindo aos estados de nigredo, que revelam imagens do processo dedesenvolvimento psíquico, em direção ao tornar-se si mesmo. Relaciona-se também a figuras alquímicas do Rosarium Philosophorum. Dessa forma, amplia-se a ideia da noite escura como aquela que traz consigo aspectos dos tempos de purificação da alma no caminho de uma profunda relação com o Self e com as transformações correspondentes anteriores aos tempos de iluminação e união.

Preguiça: inimiga ou emissária ?
Uma reflexão acerca dos pecados capitais

 

Ingrid Hermann
 

RESUMO

 

   A preguiçaé um dos sete pecados capitais, também designados vicios, que constituem maus hábitos e são merecedores de condenação por ferirem os dez mandamentos conforme proposta do Cristianismo. Designa a atitude de alguém que vive em estado de falta de empenho, em negligência, lentidão, que leva a uma inatividade acentuada. Há quem a abomine, mas por outro lado há seus defensores. O tema é relevante para demonstrar que tipo de dinâmica psíquica gera essa rendiçãoà falta de vontade e suas possíveis consequências, já que implica na salvação da alma. A preguiça impõe limitações, mas também pode proporcionar a ampliação da consciência, na medida em que é elaborada e integrada. Para discutir essa ideia, busca-se fazer inicialmente um apanhado histórico da preguiça seguido de algumas diferenciações entre, por exemplo, o conceito de preguiça e de depressão. A confusão entre ambos é comum e prejudica o diagnóstico da depressão, doença multifatorial que se não for validada e consequentemente tratada pode levar ao suicídio. A abordagem do tema está baseada também nos estudos da psicologia analítica de C. G. Jung.

O perfume da flor de Narciso:
A imagem como possibilidade de transformação do ser

 

Camila Godoy Casotti Tortelli 
 

RESUMO

 

   Imagens em nuances e manifestações diversas se presentificam na vida humana evocando emoções significativas e, por vezes, desnorteadoras. São ideias, pensamentos, sonhos, fantasias e imaginação capazes de atravessar a quietude da vida, questionando a homogeneidade de comportamentos a partir da conscientização de uma nova potencial latente expressão. Com o propósito de compreender a sua finalidade, para aprofundar as reflexões passíveis de serem elaboradas a partir das figuras mitológicas de Eco e Narciso fundamentadas na psicologia analítica de Carl Gustav Jung. Este presente estudo perpassa formatos de como o mito pode se tornar e fazer vivo na vida do sujeito a partir de seus relacionamentos onde este tem a capacidade de se perceber em fuga ou em apaixonamento diante de sua imagem interna projetada no outro. Essa confusão conserva um precioso processo em reconhecimento de identificações e possibilidades de diferenciação que premedita o nascimento de um conhecimento autêntico sobre si mesmo. Parece conduzir, assim, uma nova perspectiva acerca de si e do outro exaltando as relações humanas na plenitude da alteridade, muito embora inicialmente acompanhada de uma solidão inerente ao processo de transformação do ser. Ainda assim, nada parece ser mais libertador que o conhecimento acerca do aprisionamento do outro em mim.